Cemitério São José

Igrejinha do Cemitério
O Cemitério São José. Teresina, fundada em 1852, nasceu cidade planejada. Na planta original já constava a construção de um cemitério dentro de padrões considerados modernos. O Cemitério São José foi inaugurado em 1859, junto com a Capela. Ela é uma das construções mais antigas de Teresina. Na ordem, foi o terceiro templo religioso da cidade, depois da Igreja Nossa Senhora do Amparo e da Igreja Nossa Senhora das Dores. Eram dois cemitérios. Onde estava a Capela era a parte "nobre". Ali enterravam os abastados e os que seguiam a tradição católica. Em 1883, um segundo cemitério mais recuado ao fundo foi inaugurado. Nele eram sepultados os pobres, os não católicos, os suicidas e os que faleciam de doenças como hanseníase e tuberculose. Em 1938 as duas partes passaram a formar um cemitério só.

O Cemitério São José é parte do patrimônio cultural de Teresina. Expressa na arquitetura, arte tumular e memórias. Ali estão sepulturas entre as mais antigas da cidade e que reúnem muitas figuras ilustres da história piauiense, como por exemplo: os exs governadores Eurípides de Aguiar e Leônidas Melo; o motorista Gregório Pereira dos Santos; o jornalista David Caldas; o Comendador Jacob Manoel D’Almendra; o historiador Odilon Nunes; os poetas e músicos Torquato Neto e Ramsés Ramos, o Desembargador Crommwell de Carvalho, entre outras.

Umas das histórias mais interessantes do cemitério é a de David Caldas (1936-1878). O jornalista era uma figura que defendia a abolição, a República e a não intromissão da Igreja em assuntos de Estado. Por seus posicionamentos, a Igreja Católica o considerou oficialmente ateu, condição que o relegou ao ostracismo. Quando faleceu, a 3 de janeiro de 1878, o corpo não pôde ser sepultado dentro dos limites do cemitério por ser considerado indigno, sendo enterrado do lado de fora, em frente ao portão. Apenas na junção das duas parte do cemitério, em 1938, e de reformas urbanas empreendidas no entorno, foi que os seus restos mortais e de outras personas non gratas foram trazidos para dentro do cemitério. Que história, não?

Cemitérios têm sido férteis objetos de pesquisa no mundo inteiro. Já temos pesquisadores locais nesta empreitada, mas certamente há muito ainda a se desvendar.

Por Viviane Pedrazani